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XII Simpósio de Oncobiologia reúne pesquisadores do câncer no Rio de Janeiro

Chega ao fim mais um Simpósio de Oncobiologia da UFRJ, que reuniu mais de 200 pessoas – entre alunos, cientistas, professores e demais interessados. Em sua décima segunda edição, o simpósio contou com apresentações de pesquisas de base sobre a biologia do câncer e seus desdobramentos, como o desenvolvimento de tratamentos, diagnósticos e cuidados aos pacientes do câncer. Além das palestras, alunos da graduação e pós-graduação puderam expor suas pesquisas em curso, durante as sessões de pôsteres.


Os investimentos e recursos para a pesquisa científica foram o principal tema das falas dos integrantes da cerimônia de abertura. Alfredo Scaff, epidemiologista e médico da Fundação do Câncer, citou o contexto de crise econômica. “Temos nos esforçado para manter a estabilidade do financiamento do Programa de Oncobiologia, ainda que estejamos vivendo uma crise intensa na iniciativa privada”. O coordenador do Programa de Oncobiologia, Robson de Queiroz Monteiro, reforçou a mensagem. “Mesmo tendo recebido um fluxo menor de recursos para este ano, o apoio da Fundação do Câncer foi fundamental para a realização deste simpósio – e para as demais ações do Programa”. Pra quebrar o clima, Franklin Rumjanek, coordenador científico do Programa, deu as boas-vindas, desejou um simpósio proveitoso para os participantes, e brincou: “-Vamos passar o chapéu no fim do evento!”. A primeira palestra, feita pelo professor Rafael Roesler, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, abordou o tema do câncer como falha do desenvolvimento embrionário. Uma das linhas de pesquisa do seu grupo, que fica sediado no Hospital das Clínicas de Porto Alegre, busca compreender semelhanças entre o crescimento de células cancerosas em adultos e o próprio crescimento do embrião humano. Um dos objetivos da pesquisa é identificar possíveis alvos para o desenvolvimento de novos remédios e terapias para o câncer. Patrícia Possik, do Programa de Imunobiologia e biologia celular do INCA, falou sobre a pesquisa de melanomas - um tipo raro e agressivo de câncer de pele, que tende a se espalhar rapidamente para outras partes do corpo. As mortes por melanoma representam 90% do total de mortes provocadas por câncer de pele. Os pesquisadores buscam compreender a ação de novas terapias – como a imunoterapia e a terapia genética – em células deste tipo de câncer, que costuma ser muito resistente à radio e quimioterapia. No segundo dia, Rosane Vianna-Jorge, do grupo de Farmacologia Clínica e Assistência Farmacêutica, do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, falou sobre a combinação de diferentes técnicas científicas – a farmacogenética e a farmacogenômica – no estudo do câncer de mama. A pesquisadora compartilhou resultados de uma pesquisa que vem sendo realizada no INCA desde 2009, com pacientes com diferentes subtipos do câncer de mama, e que busca melhor compreender as características genéticas das células cancerosas para aperfeiçoar os tratamentos oferecidos às pacientes. Alexandre Almada, biólogo da Fundação do Câncer, abordou seu trabalho de busca por doadores do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea, a Redome, um banco de dados do Ministério da Saúde, que conta com mais de 4,5 milhões de doadores cadastrados. O transplante de medula óssea é um tipo de tratamento para doenças que afetam as células do sangue – como as leucemias e linfoma – e para ser realizado, depende de compatibilidade genética entre o paciente e o doador. Apesar da compatibilidade ser mais provável entre irmãos e familiares, muitas vezes a doação por membros da família não é possível, o que leva pacientes a dependerem dos bancos de medula óssea. Além de doadores nacionais, a Redome é conectada a bancos de medula em diferentes países do mundo. No terceiro e último dia, um dos destaques foi a palestra da professora Marília Seelander, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, que falou sobre a caquexia, uma síndrome associada ao câncer, que provoca perda de massa muscular e perda de peso extrema, e é responsável por até 40% das mortes de pacientes com câncer. O grupo da USP, que estuda a doença há mais de 20 anos, realiza diferentes pesquisas em busca de descobrir formas de diagnosticar a síndrome em seus estágios iniciais, de forma acessível aos hospitais públicos do país. A pesquisadora dividiu com o público um pouco do resultado de algumas das pesquisas, que demonstraram que os exercícios físicos são capazes de melhorar o quadro dos pacientes, reduzir a perda de massa muscular – e chegam até a diminuir o tamanho dos tumores em comparação com pacientes sedentários. Pôsteres e premiados Durante os três dias de evento, quase cem trabalhos em pôster foram apresentados por alunos da graduação e pós-graduação em diferentes áreas da biologia do câncer, como biologia celular, estrutural e molecular, glicobiologia, metabolismo, proteômica e metabolômica, regulação gênica, sinalização celular, terapia celular, terapia com fármacos e terapia com produtos naturais. Do total de apresentações, quatro pesquisas foram premiadas: Ana Luiza dos Santos Lopes (Instituto de Biofísica da UFRJ) e Giulia Diniz da Silva Ferreti (Instituto de Bioquímica da UFRJ), Luciana da Torre Carneiro e Maria Gabriela Vera (ambas do INCA). Ana Paula Votto, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio Grande, avalia positivamente o evento. “Vir ao simpósio é muito bom, venho com um grupo de alunos desde 2013. Quando a gente só se informa lendo artigos científicos, acabamos ficando desatualizados – já que sabemos que essa pesquisa foi iniciada pelo menos cinco anos antes de estar ali como publicação. Então vir a esses eventos é uma forma de saber o que os cientistas estão pesquisando agora – e o que será publicado daqui a alguns anos. Essa atualização é muito importante para nós”, conclui Ana. Por Rosa Maria Mattos, jornalista de Ciência, Núcleo de Divulgação do Programa de Oncobiologia.

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