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Pesquisa investiga suscetibilidade genética para o câncer de ovário


Alvaro Monteiro (Moffitt Cancer Center/ EUA)

O bioquímico Alvaro Monteiro, um dos integrantes do grupo de pesquisa que identificou o primeiro gene associado a um câncer – o BRCA1 – foi o palestrante da edição de setembro dos Seminários do Programa de Oncobiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.



O cientista veio falar de uma pesquisa de epidemiologia genética sobre câncer de ovário em que trabalha atualmente, em um dos maiores centros de pesquisa sobre o câncer dos Estados Unidos, o Moffitt Cancer Center.


“Todas as doenças tem um componente genético. No caso de cânceres com difícil detecção – como o câncer de ovário - é ainda mais importante identificar as pessoas que tem predisposição genética, pra que possam fazer exames mais precisos e com idade menos avançada, e conseguir identificar o câncer em estágios iniciais”, afirma Alvaro. Se você faz mamografia a partir dos 50 anos de idade, mas você é identificado como pertencente a um grupo de risco que tem fatores genéticos altos, talvez em vez de fazer mamografia a cada dois anos, você faria mamografia e ressonância a cada seis meses”, exemplifica o cientista.


A pesquisa fez uma análise do material genético de centenas de milhares de pessoas, em busca de pistas sobre possíveis locais específicos no DNA que possam revelar se a mulher, antes mesmo de ser detectado com o câncer de ovário, possa ter predisposição a desenvolvê-lo. Em outras palavras: o time de cientistas está trabalhando na análise funcional de locus de predisposição ao câncer de ovário, analisando alelos comuns na população – e não alelos raros, como os famosos BRCA 1 e 2, já reconhecidos internacionalmente por sua associação aos cânceres de mama e ovário.


Alvaro conta também sobre esse tipo de modalidade de investigação: a epidemiologia genética. “Na epidemiologia a gente investiga as exposições a que as pessoas estão submetidas, como tabaco, a exposição a raios ultravioleta, ou fatores genéticos. O diferencial é que integramos a biologia molecular, um olhar que está mais ao nível da célula e do indivíduo. Assim temos os dois aspectos. A pesquisa populacional, que faz a identificação desses fatores e permite identificar os grupos de risco. E para descobrir o mecanismo de ação, investigamos em um nível individual, celular, ou molecular”, conclui.


Câncer de ovário


O câncer de ovário é o câncer ginecológico com maior incidência no mundo, e com uma especificidade preocupante: na grande maioria dos casos os estágios iniciais da doença não são detectados, fazendo com que a doença só seja diagnosticada e tratada em estágios avançados, o que diminui as chances de cura.


O pesquisador ressalta que, para identificar os diferentes estágios de risco do câncer de ovário no Brasil, será necessário replicar o estudo com amostras de mulheres brasileiras, uma vez que a população latina e africana não foram incluídas na pesquisa desenvolvida no centro de pesquisa norte-americano.


Um artigo com parte dos resultados da pesquisa – que vem sendo realizada nos últimos oito anos – já foi aceito e deve ser publicado nos próximos meses na revista Cancer Research.


Por Rosa Maria Mattos, jornalista de Ciência, Núcleo de Divulgação do Programa de Oncobiologia. Publicado em 19/09/2018


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