Qual é a lógica da resposta imune contra tumores? O sistema imune tem como uma das suas principais funções realizar o controle do surgimento e crescimento de tumores. Funciona com estímulos e inibições coordenadas. Alguns tumores usam moléculas que inibem o sistema imune como forma de escapar do controle imunológico.
Os linfócitos T, conhecidos também como células T, são células do sistema imunológico responsáveis pela defesa do organismo contra agentes desconhecidos. Em seu estado natural, as células T, que nos protege contra infecções e tumores, podem perder a capacidade de “enxergar” as células do câncer.
Geneticamente modificadas em laboratório, as células T passam a se chamar de CAR-T. Com a edição genética, as CAR-T se transformam em “super células” que conseguem reconhecer e atacar as células cancerosas, que até então tinham o poder de se camuflar no sistema imunológico.
Na tentativa de compreender a lógica do sistema imune para desenvolver tratamentos mais assertivos e baratos contra o câncer, o pesquisador Martín Hernán Bonamino estuda a modificação genética de linfócitos T (células T) para avaliar o uso destas células na imunoterapia do câncer.
Na palestra ministrada nesta terça-feira, 28 de junho, no Ciclo de seminários presenciais do Programa de Oncobiologia em parceria com os Seminários Antônio Luiz Vianna (ALV), o Dr. Bonamino apresentou diferentes estratégias desenvolvidas em seu laboratório, Martinlab (www.martinlab.net), para alterar o DNA das células T e produzir as “super células" CAR-T.
“Esta é uma área de pesquisa que está bastante em evidência no momento, por ser uma terapia contra o câncer extremamente promissora, porém pouco acessível ao sistema público de saúde pelo seu elevado custo” - observou o pesquisador do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Segundo ele, atualmente, o procedimento de extrair a célula T do paciente, alterar geneticamente e reinserir no organismo pode custar até US$ 400 mil (R$ 2 milhões) por paciente.
Além do desafio de desenvolver novas estratégias para combater as células cancerígenas, Martin Bonamino, que é coordenador de grupo de pesquisa do Programa de Oncobiologia, também tem a árdua tarefa de encontrar uma maneira mais rápida e econômica para fazer a edição genética das células T e escalonar a produção das CAR-T. Para tal, o pesquisador não economiza esforços para fazer estudos in vitro e in vivo.
Por Lúcia Beatriz Torres, jornalista de Ciência, responsável pelo Núcleo de Divulgação do Programa de Oncobiologia.
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