Além das tradicionais apresentações de pesquisas sobre o câncer, a última edição do Seminário de Oncobiologia - que aconteceu no dia 20 de agosto - teve gostinho especial de boas-vindas aos novos grupos credenciados no Programa de Oncobiologia. Robson Queiroz, pesquisador do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ e coordenador do Programa de Oncobiologia, fez uma abertura especial, apresentando brevemente os núcleos integrantes do Programa, e suas principais ações: o núcleo de divulgação científica, o edital de pesquisa e o simpósio anual, que será realizado entre os dias 23 e 25 de setembro, no Auditório Quinhentão.
A parte científica contou com apresentação de dois pesquisadores e um tema em comum: a pesquisa em glicobiologia no câncer colorretal. O pesquisador Frederico Alisson da Silva, do Laboratório de Glicobiologia Estrutural e Funcional da UFRJ, abordou o tema "Ingestão de carboidratos não humanos presentes na carne vermelha como novo fator de risco para o câncer de cólon: A solução está na microbiota?". Na apresentação, Frederico fez um brevíssimo histórico do consumo de carne vermelha entre os humanos, e destacou o lugar do Brasil como o terceiro país do mundo com maior consumo anual de carne vermelha per capta - atrás apenas do Uruguai e da Argentina. Uma das linhas de pesquisa do laboratório de glicobiologia da UFRJ estuda o Neu5Gc, uma carboidrato (ácido siálico) presente nas carnes vermelhas, e que nós humanos não somos capazes de sintetizar.
O consumo de carne vermelha leva à incorporação de Neu5Gc na membrana celular e a uma resposta inflamatória crônica - e o grupo de cientistas estuda in vivo e invitro a hipótese de que esta inflamação é um novo mecanismo para explicar o aumento do risco de câncer de cólon associado ao consumo de carne vermelha. Frederico também apresentou uma pesquisa, em curso no Centro para Inovação em Microbioma da UC San Diego Health, que busca desenvolver formas de evitar a incorporação ou eliminar o Neu5GC de tecidos humanos, incluindo o desenho de uma bebida probiótica capaz de diminuir o risco de câncer colorretal em pessoas que consomem carne vermelha.
A segunda apresentação foi do pesquisador Julio Cesar Freitas Junior, do Programa de Oncobiologia Celular e Molecular (INCA), sobre o glico-código do câncer colorretal. Julio lembrou que o câncer colorretal é o segundo tipo de câncer que mais mata pessoas no mundo, representando 9,2% do total de mortes por câncer, e defendeu a necessidade de investir no conhecimento do câncer colorretal em nível molecular e genético. O pesquisador apresentou dados sobre a pesquisa que estuda o papel dos carboidratos nas junções aderentes das células tumorais e que, consequentemente, estão relacionadas a possível migração dessas células e metástase.
Por Rosa Maria Mattos, jornalista de Ciência, responsável pelo Núcleo de Divulgação do Programa de Oncobiologia.
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