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Em busca de novos quimioterápicos contra o câncer de fígado

Pesquisadores do Departamento de Química da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) criaram novas substâncias químicas capazes de matar células de câncer de fígado – o hepatocarcinoma. O projeto de pesquisa foi um dos vencedores do edital do Programa de Oncobiologia do ano passado, e recebeu financiamento da Fundação do Câncer.


As moléculas desenvolvidas pelo grupo são inspiradas em uma substância química natural, as chalconas, presentes na maioria das espécies de plantas, e responsáveis por sua defesa, como repelir insetos. O objetivo do grupo é contribuir com o desenvolvimento de novos agentes quimioterápicos para os pacientes com câncer de fígado. “Embora tenhamos grandes avanços na quimioterapia do câncer, os agentes quimioterápicos são muito tóxicos e temos muitos tipos de câncer resistentes à quimioterapia. A busca por novas substâncias, que destruam apenas as células do câncer, é muito importante”, afirma a pesquisadora Aurea Echevarria, coordenadora do Núcleo de Síntese e Química Medicinal da UFRRJ.


Como parte da pesquisa, o grupo criou oito diferentes tipos de moléculas sintéticas, inspiradas no modelo do produto natural "chalcona" presente nos vegetais, as chalconas-tiossemicarbazonas. Em seguida, foram feitos vários estudos, com a colaboração da pesquisadora Ana Paula Pereira da Silva, também da UFRRJ, para testar a morte das células do câncer de fígado humano em contato com as moléculas criadas em laboratório, levando em consideração fatores como o tempo de interação e a concentração da substância, por exemplo.


Das oito substâncias criadas e testadas, duas obtiveram um resultado promissor, levando a morte de metade das células cancerígenas com uma baixa concentração do composto (um baixo IC50), um importante indicativo de baixa toxicidade das moléculas. “Obtivemos valores baixos comparáveis aos quimioterápicos usados clinicamente, e acreditamos que sejam menos tóxicas, já que sabemos, por pesquisas feitas anteriormente, que essas substâncias não destroem células do sistema imune. Estamos entusiasmados com os resultados”, afirma Aurea. Outro resultado apontado pela pesquisa foi o mecanismo de ação das substâncias junto ao câncer: elas estariam atuando diretamente nas mitocôndrias, interferindo na cadeia respiratória das células cancerígenas e levando à morte celular.


O grupo está agora trabalhando em um artigo, que vai relatar as descobertas, e pretende fazer um novo projeto de pesquisa, para testar as substâncias em camundongos. "Um dos grandes problemas do câncer de fígado é a metástase para outros órgãos. Seria muito interessante poder avaliar também as propriedades antimetastáticas das substâncias que desenvolvemos", conclui Aurea Echevarria.



Por Rosa Maria Mattos, jornalista de Ciência, responsável pelo Núcleo de Divulgação do Programa de Oncobiologia.

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