"Vivemos uma explosão do conhecimento científico, com cerca de 2,5 milhões de artigos publicados anualmente no mundo. No Brasil, são cerca de 100 mil. Importa que a sociedade entre em contato com essa produção.”Foi assim que Jerson Lima, presidente da FAPERJ, e pesquisador credenciado no Programa de Oncobiologia, pontuou a importância de se articular estratégias no Encontro de Assessores de Comunicação das Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs), realizado no Rio de Janeiro no dia 25 de setembro.
Ouça o chamado do Bugio
Logo no início da roda de conversa dos comunicadores, Clarice Cudischevitch, gerente de comunicação do Instituto Serrapilheira, resumiu o principal: “apoiar a comunicação em ciência é apoiar a ciência”. Ela demonstrou que, apesar dos jornalistas pertencerem a uma instituição, a abordagem nas redes sociais pode — e deve — fugir do formato tradicional. Mostrou exemplos de como o conteúdo pode ir além dos resultados finais das pesquisas, destacando etapas curiosas dos processos científicos, como a reportagem sobre uma "Geladeira de Cérebros" na UFRJ.
Para Clarice, abordar valores amplia as possibilidades de pautar o debate público e engajar novos públicos. Um exemplo criativo de como o Instituto Serrapilheira divulgou um edital é a postagem sobre o Chamado do Bugio. O som do animal gravado num trabalho de campo acabou servindo como inspiração e recurso para a divulgação institucional de forma descontraída e acessível. Acesse o conteúdo nas redes do Serrapilheira e confira a apresentação completa da Clarice.
Ciência na disputa por atenção
Ana Lúcia Azevedo, jornalista do O Globo desde 1988, destacou que a ciência sempre enfrentou desafios para ganhar espaço no noticiário, devido ao predomínio de pautas políticas e econômicas, que costumam ser vistas como mais atrativas. A cobertura científica tinha pouca visibilidade até recentemente, segundo ela, quando a Internet, as redes sociais e até eventos como a pandemia deram à ciência maior apelo. No entanto, o ambiente de comunicação também é de uma atenção cada vez mais dispersa por parte do público, afetando inclusive quem produz conteúdo.
"A disputa por atenção é colossal. Isso é um retrocesso, principalmente para a ciência básica, que acaba sendo menos valorizada", comentou, citando que esse problema é enfrentado até por veículos de prestígio como o New York Times.
Além disso, Ana Lúcia lamentou a extinção de equipes dedicadas à cobertura científica nos grandes veículos, o que agravou a situação. Ela enfatizou a importância de adaptar o conteúdo para o formato digital, com imagens atraentes e estratégias pensadas para smartphones.
Uma ponte entre cientistas e jornalistas
Celebrando um ano no Brasil durante o encontro dos Assessores das FAPs, o The Conversation, é uma plataforma que põe em colaboração direta acadêmicos e jornalistas. Nele, os cientistas escrevem sobre suas próprias pesquisas ou temas relevantes da atualidade e contam com uma equipe de jornalistas que transforma o conteúdo técnico em textos atraentes para ampla veiculação. O Brasil já conta com mais de 850 artigos publicados pela plataforma desde o lançamento em setembro de 2023, alcançando, na estimativa deles, um público de 10 milhões de leitores.
Daniel Stycer, diretor executivo do The Conversation Brasil, destacou no evento o papel da plataforma na democratização do acesso ao conhecimento científico. "Publicamos notícias e análises baseadas em evidências, com o objetivo de tornar a ciência acessível ao público não especializado". Acesse aqui a apresentação completa do Daniel.
Articulação nacional da divulgação científica
A reunião marcou o alinhamento das estratégias de comunicação entre jornalistas das agências estaduais de fomento e repórteres especializados em cobertura científica. No evento, foram discutidas as melhores estratégias para aproximar a ciência do grande público e fortalecer a divulgação científica em tempos de crescente produção acadêmica.
O evento também marcou a reunião de divulgadores que fizeram parte da história do Programa de Oncobiologia. Entre eles, Claudia Jurberg, fundadora do Núcleo de Divulgação Científica e atualmente gerente de comunicação da FAPERJ, Marina Verjovsky, na assessoria de imprensa da fundação, Clarice Cudischevitch, responsável pela comunicação no Instituto Serrapilheira, e Felipe Siston, atual coordenador do Núcleo de Divulgação Científica do Programa de Oncobiologia.
Para mais detalhes, acesse a cobertura completa do 65º Fórum Nacional do Confap no Canal da FAPERJ no YouTube: https://www.youtube.com/@FAPERJoficial
Reportagem de Felipe Siston e revisão de Gabriela Nestal.
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